20 de abr. de 2007

OITAVA LEVA

Foto: Adelmo Santos






CICERONEANDO



Diversidade: eis a palavra de ordem por aqui. O caminho dos escritos prossegue, insiste em ir adiante. Topamos com a grande experiência de poder encontrar, pelas vias, gente de toda a sorte de expressões. O incentivo para andar mais e mais vem de todos os cantos do país. A cada nova adesão de um colaborador, temos a certeza de que respirar as vias culturais vale a pena num país onde, ainda, a maioria dos olhos soltos por aí desconhece os lugares preciosos, construídos pelas letras. Somos assim, feitos da poesia “obcecada” de um Héber Sales, dos versos sensíveis de Alyne Costa, Alexandre Câmara e Leila Lopes. A exposição do fotógrafo baiano Adelmo Santos exala sentidos poéticos, escreve com a luz. Por que não falar dos signos “indigestos” do poeta pernambucano Bruno Candéas? O contista baiano Rodrigo Melo estréia por estas bandas, revelando outras faces ao dual masculino/feminino. O performático Manuca Almeida, operário da palavra, nos recebe para uma conversa sobre sua carreira. Um sentimento visceral também se põe à mostra nas meninas de um sertão de Ronaldo Braga. Valéria Freitas nos propõe um miniconto, no qual habitam diálogos entrecortados por sentimentos sinestésicos e sensoriais. Mais do que um simples desejo de batismo, a crônica de Tekka varre os esforços em nomear as letras da existência. Cacilda Becker encontra Godot no belo texto de João Pedro Roriz. Há um James Dean revisitado em Cristiano Contreiras. Enfim, nosso caldeirão transborda um consistente caldo cultural.


*Comentários podem ser feitos no link EXPRESSARAM AFINIDADES, que se encontra no fim da Leva.





JANELA POÉTICA (I)


LÂMINA D’ÁGUA

Fabrício Brandão


Ergui olhos acima
Retirando formas perfeitas do existir
E o simples mirar de coisas
Devolveu-me falsa exatidão

Tudo fica claro
Quando desce a cortina invisível
Então me elevo à tola categoria
Crendo ver mais do que posso

Tantos desenhos nas paredes
Antes seres insossos por agonia
Agora gente ideal
Companhias de todo um sempre

Ponho o sangue à prova
Fazendo do corpo o objeto pulsante
Sublimo as águas que descem
E o meu tecido renasce em transparência




Foto: Adelmo Santos







CERIMÔNIA ÀS AVESSAS

Neuzamaria Kerner


Precisava entrar em forma. A academia de ginástica, embora neurotizante, poderia ser uma solução. O caminho poderia ser também a sua preocupação com um novo direcionamento na vida: uma mudança interior. Começara a ver as caminhadas como algo prazeroso e queria ter coragem de dizer não ao maiô bem comportado e assumir o tão desejado duas peças. Queria sentir o gosto do vento abraçando totalmente o seu corpo e o sol beijando sua pele carente de toques. Nunca experimentara esse tipo de vaidade, mas agora conhecia – como só as almas plenas – o sabor do abraço do mar, experiente macho que, como nenhum outro, sabia envolver e cativar um corpo necessitado de renovações. A partir desses novos pensamentos e das novas sensações, estava pronta para tudo o que viria de agora por diante. Era a auto-estima retomando seu lugar. E as idéias estavam no cio. Sabia que havia sido domesticada e isso não poderia durar permanentemente. Estava protegida naquela vidinha medíocre, bem provida de bens materiais, porém mutilada. Grandes mudanças!

Aproximava-se o grande dia. Os convites distribuídos e os amigos perplexos com a decisão por ela tomada. Muitos participariam, uns por curiosidade, daquela insólita festa. O vestido de noiva, que beleza! Transpirava sensualidade e promessa de liberdade desde a primeira prova. Sentia isso. Antes, havia pensado em alugar um vestido mais simples. A ocasião, entretanto, merecia (e como!) ser comemorada com todas as pompas.

Ela, perto dos quarenta, só agora havia reparado como era bonita. Os olhos negros contrastavam com o longo dos louros cabelos. Relembrara que era inteligente e isso a fazia sentir-se mais bonita, ainda.

A expectativa do grande dia a fez perder os quinze quilos que nunca a haviam incomodado e que de repente estavam pesando mais do que o mundo. Jogou-os na primeira lata de lixo: seriam levados pelo caminhão da prefeitura e até imaginou-os sendo triturados entre outros lixos sem prestígio e despejados num lugar qualquer. Não importava onde... E as suas curvas foram sendo cada vez mais modelados por hábeis mãos, que deslizavam no seu corpo besuntado de cremes miraculosos.

Nos convites nada de ”... os noivos despedir-se-ão na porta...” Seria festa grande, na qual seriam servidas mousses salgadas acompanhadas de saladas coloridas. Para beber: champanhe. Sim, champanhe. Não faltaria o indispensável bolo de vários andares, mas nada de pombinhos no topo. Seria somente a figura de uma musa alada com vestes transparentes, encomendada a um artesão amigo. Por que não? Era um direito adquirido.

Finalmente o grande dia! As testemunhas ansiosas, o juiz impaciente, os pais esfregando as mãos, nervosos... Como sempre um pequeno atraso.

A noiva aparece belíssima numa limousine preta, impecavelmente vitoriosa. O motorista salta e abre a porta para a deslumbrante rainha sorridente que entra no fórum, para espanto de todos.

E ele? Não importa ele. Não há mais o valor absoluto. Camisa de manga curta, calça na virilha. Pança imensa. O mau humor, que lhe era peculiar, estava estampado no rosto.

Diante do juiz e das testemunhas os papéis são assinados.

Livra-se daquele “sim” que um dia, de mansinho, estabeleceu o caos na sua vida. Está finalmente descasada. Ali mesmo acontece o inusitado: ela retira o véu, desabotoa o vestido deixando-o cair no chão, mostrando-se uma nova mulher. Bermuda e camiseta de cotton. Cabelos soltos quase chegando à cintura. Olhos brilhantes. Maçãs do rosto suavemente rosadas. Expressão da felicidade personificada.

Na festa, enquanto os convidados regalavam-se com o banquete... Ela sai num bugre amarelo, em direção à Pasárgada de Bandeira, em lua-de-mel consigo mesma.






Foto: Adelmo Santos







JANELA POÉTICA (II)


OBSESSÃO

Héber Sales


Eu quero o poema
que cabe no fio da navalha -
o poema que carrega
o gosto de arma branca.

Eu quero o poema
que convida o espanto -
o poema que rouba
o chão dos nossos pés.

Eu quero o poema
que encurrala o costume -
o poema que grita
a novidade do mundo.

Eu quero o poema
que arfa nas entrelinhas -
o poema que vive
da inquietude dos nomes.

E eu quero esse poema
de um só golpe
como se usa fazer
nas manobras fatais.


(Héber Sales nasceu com o peito carregado de chumbo. Usa se tratar acossando palavras acostumadas. Quando falta-lhe o remédio, cospe fogo por aí)






Foto: Adelmo Santos







OUVIDOS ABERTOS (I)

Por Fabrício Brandão



BADI ASSAD – WONDERLAND






A cada grande descoberta musical de nosso cancioneiro, rendo graças à Deus por ainda haver uma saudável resistência às marés de futilidade e vazio de nossa atualidade. E Badi Assad é algo fabulosa, nos presenteando com um disco que é um verdadeiro espetáculo nos quesitos arranjo e voz. Sua interpretação traz vigor e personalidade em canções que se prestam a estágios contemplativos de alma. É preciso parar para ouvir a força melódica que brota da expressão dessa que é uma violonista de mão cheia. De cara, na primeira faixa, nos deparamos com a magnífica Acredite ou não, composição de Lenine e Dudu Falcão, e que aqui serve como um cartão de visitas e tanto. Com um violoncelo fazendo a base, Badi revisita o sucesso Sweet Dreams, do grupo Eurythmics, conferindo uma cara brasileira ao hit. A Banca do distinto, canção já interpretada por Elis Regina, ganha roupagem numa precisa mescla de chorinho, samba, arranjos eletrônicos e samplers. A veia compositora da cantora soa alto em Zoar, escrita em parceria com Chico César, e na intensa O que seria?, letra que revela uma feição com doses suaves de romantismo. Um grande álbum, com direito a canções de Cartola, Gonzaguinha, Vangelis, Tom Jobim e uma participação especial de Seu Jorge. Se não vivemos no país das maravilhas, Wonderland nos sugere que a beleza sempre esteve perto de nós. Tudo é uma questão de se deixar sentir.




O AMADOR
[até que os fins sejam alcançados ou como não fui capaz de desistir de mim.]


Valéria Freitas


Eis minha sentença todos os dias, por esta sua existência inesgotável...

Eu esquecera o livro sobre a mesa e jamais voltara para buscá-lo. Que ela enfim, lesse. Todos os versos estavam destinados a ela. Como essa tarde que me trouxe de volta...
Esta é a rua. A casa dela é aquela, cujas janelas azuis estão sempre à disposição do vento - escancaradas. Sei que está em casa. Caminharia até lá se meus pés obedecessem. E o que lhe diria?

[o início de um diálogo inútil]

Boa tarde!
Como vem passando? [com um breve toque Machadiano explorando a memória]
Ah, eu estou muito bem!
Sobrevivo como o velho gato sem botas, lembra?

[não há fim para o desconforto das palavras num diálogo assim. Já provou?]

Conversa fiada! Eu nada diria. Nada diria. Deixaria que ela me surpreendesse.
E sim, ela abriria a porta com aquele ar de quem fora interrompida: ia salvar o mundo.
Sorriria, e então...
Eu de novo a seus pés. [a simple joke or my imagination? Can you help me?!]

Talvez me convidasse para um chá forte. Correria os olhos sobre mim e diria algo sobre meu aparente “olhar cansado”. Como se eu fosse sempre uma sua nova lição...
E como ela gostava de aprender pessoas!
Apaixonando-se por elas sem medo algum.
E se não houvesse nenhum dia seguinte, sempre lhe bastava uma das suas imensas janelas azuis [falemos de alma aqui] escancarada,
o seu velho piano de cauda que lhe prestava imensos serviços [deixava-se tocar sem perguntas] e a própria vida, encolhida para ser apenas simples [no curves no memories].

Mentalmente, fiz um mea culpa básico, dei meia volta e segui meu caminho.

[Não percebi(a) antes, essa aparente estrada nova.
Completamente asfaltada
Cheia de pessoas
Sem filas. ]

(Valéria Freitas é colaboradora ativa do Diversos Afins)





Foto: Adelmo Santos







JANELA POÉTICA (III)


INDIGESTUAL


Bruno Candéas



Temidas são as verdades q perturbam.
A luz se revolta para dentro.
O sono é velado por um anjo devasso.
Em cada povoado, a semente d sua perversão.
Batinas estendidas na torre da luxúria.
Agora em duas vezes no hipercard.
A face viciosa q outros contemplam.
O grande trabalho está posto.


(Bruno Candéas é um experimentador tanto humano quanto poeta. O poema Indigestual é parte integrante de um livro de poemas homônimo. Áudio-táctil-visual, o livro tem som, forma e cheiro odor acre de mangue-capiberibe. A obra possui 21 “poemas” indigestos recheados com o mel da inquietação, onde pairam fantasmas gestuais e suas coreografias sensuais)


Mais sobre o autor, em:

Interpoética





Foto: Adelmo Santos






LUTAR COM PALAVRAS

Tekka Whitman


Lutar com palavras é a luta mais vã - Carlos Drummond de Andrade.

Há anos que busco um título para um livro, um título inédito, mas cheguei à conclusão de que todos os nomes já foram usados. Eva viu a uva e as demais frutas, os animais e as coisas todas criadas. Ela e Adão passavam o tempo dando nome aos bois e outros bichos, inventando assim o primeiro dicionário. Foi o bardo inglês quem se apropriou de quase todas as palavras, isso sem falar na Bíblia, repertório inesgotável, que circula de boca em boca e de citação em citação.

Tempos depois, a relva ficou sendo de Walt Whitman, as rosas de Rilke, a avenca de Adélia Prado. O pântano de Thoreau, a montanha de Thomas Mann, as serras de Eça de Queiroz. A gaivota é de Tchecov. A promíscua lua deu-se a Manuel Bandeira, a Vinícius, a Neruda, a todo mundo. Virginia Woolf ficou com as ondas. Cecília apoderou-se do mar, absolutamente. E das cantigas, da saudade e do sonho. E das idéias. Milton ficou com o Paraíso e logo o perdeu. Dante pegou o Inferno e o Purgatório. O Céu ficou para William Blake e a beleza com Keats. Os paraísos artificiais ficaram com Baudelaire.

A aurora passou ao Paulinho Mendes Campos e o pôr-do-sol à Lygia Fagundes. Quem mais? O desejo é de Hilda Hilst, a paixão de Marly de Oliveira, a dor é de Marguerite Duras, a insônia de Graciliano Ramos, a fome de Josué de Castro. O amor, esse é dadivoso: todo mundo que escreve usa a palavrinha carimbada. Lá está ele em todos os poemas, romances, cartas, músicas. Todos, absolutamente todos, cantam o tal de amor. Que acabou virando rima pobre, mas onipresente. Já a arte de amar é de Ovídio.

O branco é de Emily Dickinson, o vermelho e o negro de Sthendal, o verde de João Cabral, o amarelo de Van Gogh, a cor púrpura de Alice Walker. O cavalinho azul é de Maria Clara, a ovelha negra é de Caio Fernando Abreu e de Rita Lee. O trem das cores é de Caetano Veloso.

A felicidade é de Katherine Mansfield, a amizade é de Montaigne. A guerra e a paz são de Tolstói, os crimes são de Agatha Christie, mas o castigo é de Dostoiévski. A inveja é de Zuenir Ventura e a gula de Luiz Fernando. O povo brasileiro e o sorriso do respectivo lagarto são de João Ubaldo, enquanto o tempo é de Érico Veríssimo – e o vento também. Já o inconsciente é coletivo.

Sylvia Plath é dona do espelho, da redoma de vidro, do poço e das papoulas. As nuvens são de Rimbaud. O verão é de Camus, o inverno de Steinbeck, a primavera de Stravinski, o outono de García Márquez. A Bahia é de Jorge Amado, Minas é de Fernando Sabino, o Rio é de Pedro Nava, São Paulo é de Mário de Andrade. A galinha – e o ovo – são, definitivamente, de Clarice. Mas o umbigo é de Adelaide.

O sertão é de João, e tudo que nele existe: o gavião, o pequizeiro, a seriema, o urutu, a jibóia, o rio e suas margens, a canoa, o menino, a faca. O gostar, o querer-bem, o odiar. A morte. A casa, a primeira lição, a moça, a noite. O buriti. As veredas. E as estrelas!

Machado é dono de todas as memórias – póstumas ou não. É um latifundiário. Carlos Drummond de Andrade se diz fazendeiro do ar, mas ele e Machado são sócios majoritários do Banco Nacional das Palavras, das mais simples às mais elaboradas. Os dois lidam com elas na maior intimidade – e ainda nos são apresentados como exemplo a seguir. Que luta mais vã!

A própria palavra “Word” já foi de Shakespeare (“words, words, words” – palavras não são mais que palavras) e, depois, de Sartre. Hoje é marca registrada de Bill Gates. Enfim, tá tudo dominado. Até o grifo! Sempre achei que o grifo era meu. Pois não é. É do Murilo Mendes, que avisa, possessivo: “o grifo é meu!”.


(Tekka Whitman é pediatra pela UFMG, mora e atua na periferia, com crianças que ‘comem terra’ - em vez de se alimentar de luz - e cujas mães procura consolar, explicando que essa é a parte que lhes cabe neste latifúndio… Escreve no blog Strange-Fruit, no Focando e monitora uma comunidade de nome Pediatria Radical)






Foto: Adelmo Santos







DROPS DA SÉTIMA ARTE


Por Fabrício Brandão


Café da Manhã em Plutão (Breakfast on Pluto). Irlanda/Reino Unido. 2005.





Café da Manhã em Plutão é uma dessas obras cinematográficas que, desde o início, desperta a curiosidade em seguir adiante. De cara, o filme dialoga com uma trilha sonora vigorosa, a qual faz par constante com a trajetória do personagem central da história. O enredo remete à vida de Patrick (Cillian Murphy) que, desde garoto, abraça os ímpetos de sua identidade sexual para dar rumos aos seus passos. Ainda bebê, Patrick é deixado à porta da casa de um padre (Liam Neeson), sendo depois adotado por uma família, onde cresce num ambiente hostil, algo suficiente para que alimente o desejo de se lançar ao mundo em busca de sua verdadeira mãe. Com um roteiro entrecortado por capítulos que orientam as andanças do jovem rapaz, o filme transita pelo ambiente conturbado de uma Irlanda dividida por seus conflitos civis. E o mundo de Patrick está além das questões do coletivo, muito além do turbilhão de acontecimentos que atravessam a sua jornada. Há uma ternura cativante na personalidade daquele que parte para Londres, rumo ao idealizado encontro com a figura materna jamais vista, projetada numa semelhança com uma famosa atriz. Acredito que a força do filme está em saber transformar as zonas conflitantes de seu personagem principal em saídas alternativas para um destino incerto. Patrick alimenta seus sonhos num diálogo com as canções, fazendo com que suas dores sejam diluídas pela atmosfera romântica da trilha sonora. É como se ele realmente vivesse num mundo perfeito, sem máculas que tingem as relações e acreditando fielmente na possibilidade de ser amado. Talvez ele nos lembre que reinventamos a plástica ideal da vida a cada segundo de nossas existências. Atire a primeira pedra, então, aquele que vez ou outra não busca alívio fugindo abraçado com sua própria loucura.





PEQUENA SABATINA AO ARTISTA

Por Neuzamaria kerner


Baiano de Juazeiro, artista multifacetado e transitando principalmente pela literatura, teatro e música, Manuca Almeida acredita na força das palavras, condição essa que deriva de um lugar privilegiado, um se deixar sonhar. Nos últimos anos, a música ganhou corpo em sua vida, conferindo-lhe sucesso traduzido em letras sensíveis. Em seu processo criativo, conta com o apoio fundamental de sua mulher, Lu, e das duas filhas, Dandara e Iana. É dele a bela canção Esperando na Janela, interpretada por Gilberto Gil e fio-condutor do filme Eu, Tu, Eles, no qual também assina a produção. O autor de Pop Zen, cuja letra foi considerada por Arnaldo Antunes como a mais bela dos últimos dez anos, crê que está no caminho certo, embora confesse que ainda esteja vivendo num ritmo acelerado. Manuca recebeu o Diversos Afins para uma conversa sobre um tudo: obra, crenças e alma. Ao longo desta entrevista, também dispomos alguns dos chamados poemas-postais do artista.





DA - A Palavra e Manuca Almeida: casamento perfeito?

MANUCA ALMEIDA - Talvez casamento poético porque ando à procura do que é perfeito, mesmo sem ser o meu objetivo maior. A palavra não avisa, chega e comigo ela entrou, ficou. Essas coisas fluem naturalmente na cabeça de quem sonha. Acho que tenho um compromisso com a imagem, imagino estar criando versos e me faço em cada palavra que solto. Isso parece poesia, mas não é.


DADe onde vem tanta inventividade?

MANUCA ALMEIDA - Da vida que vivo, das vidas que vejo serem vividas e seus inventivos construtores do dia-a-dia, de minhas conversas com Deus , dos meus defeitos, dos meus delírios, etc e tal.






DA - Como é para você ter suas falas-poemas estampadas em calcinhas, papéis, caixas de fósforo, panôs, garrafa poética?

MANUCA ALMEIDA - É a concretização de um pedaço do sonho, a maneira mais direta alcançada por mim para comercializar minha palavra, o que não é fácil. Eu vendo palavras e não é tarefa pra qualquer um. Palavras com sons, palavras com cores, palavras no papel.
Eu vendo palavras!

DA - Nas suas apresentações teatrais você é múltiplo. Como fazer isso também em bares, ônibus, clubes? Ainda trabalha dessa forma?

MANUCA ALMEIDA - A repercussão e o sucesso alcançado por minhas músicas nos últimos anos fez com que eu dedicasse mais tempo, ou todo o meu tempo à música. Isso quer dizer que depois de 25 anos percorrendo o mais inusitados espaços que a poesia pudesse estar, pela primeira vez eu não precisaria ter a obrigação de recitar poesia pra sobreviver. Pude me dar ao luxo de ter alguns artistas brasileiros fazendo isso por mim. Porque o intérprete não é nada mais do que um instrumento do compositor. Um mensageiro de palavras sonoras. É quase isso ou isso mesmo.

DA - Você não espera na janela. Sai porta afora e põe a boca no mundo. Como foi seu ajuntamento com Gilberto Gil para a música ESPERANDO NA JANELA?

MANUCA ALMEIDA - Na verdade, não houve ajuntamento. A música chegou a Gilberto Gil pelo fato de eu ter sido o produtor local do filme EU, TU ELES, do diretor Andrucha Waddington, de estar naquele momento sintonizado com Deus. Tô querendo dizer, ou melhor, estou dizendo que as coisas aconteceram por outros motivos, outros caminhos. A minha amizade com o motorista de Regina Casé, Sampaio, do carinho e amizade dela por minha filha Iana, pela paixão de Regina pelo forró, por tudo isso e talvez as festas que eu tive que bancar para o elenco e produção do filme, só para chamar a atenção para que eu conseguisse alguns amigos e parceiros no filme. Não pensava em estar na trilha. Na minha cabeça já existia uma cabeça comandando isso e era nada mais nada menos que o ministro Gilberto Gil. Mas a música falou mais alto e também Regina Casé, pois ela pediu, o diretor exigiu, Deus autorizou e Manuca Almeida sorriu com as mudanças, com as novas andanças e principalmente com a conquista do GRAMMY LATINO 2001 como a melhor canção brasileira daquele ano.


DAQuem é o ator Manuca dos palcos e filmes?

MANUCA ALMEIDA - O ator Manuca é fruto de minhas performances e experiências criadas ao longo desses anos no palco. 90% de cara de pau, 7% de talento, 2% de luz e 1% sei lá de quê... (as gargalhadas).






DA - Mais Pop ou mais Zen? Sua música Pop Zen foi gravada pelos Lampirônicos, Ivete Sangalo e Família Caimmy. Fale para nós sobre esse estado de espírito.


MANUCA ALMEIDA - Mais pop e querendo ser zen. Ainda continuo acelerado, quer dizer, mais acelerado do que eu gostaria. Pop Zen, segundo Arnaldo Antunes é a mais bela canção brasileira criada nos últimos 10 anos. Sendo assim, e tendo eu o respeito e admiração que tenho por Arnaldo Antunes, só posso entender e acreditar que esta música é um presente não só para nós compositores, mas para qualquer ouvinte que possa se banhar com essas palavras. Não é um presente de Deus, é Deus.

DA - A esperança é mesmo a última que dorme?


MANUCA ALMEIDA - É sim, mas não esqueça que é preciso dizer sempre, ACORDE SEUS SONHOS MAIS CEDO, e se você não tiver um sonho EU VOU LHE DAR UM SONHO PRA VOCÊ SONHAR COMIGO.



POP ZEN

(Alexandre Leão /Manuca Almeida e Lalado)


Tudo que você tem não é seu
Tudo que você guardar
Não lhe pertence nunca lhe pertencera
Tudo que você tem não é seu
Tudo que você guardar
Pertence ao tempo que tudo transformará
Só é seu
Aquilo que você dar.

Tudo aquilo que você escondeu
Tudo que não quis mostrar
Deixe que o tempo
Com o tempo vai revelar
E tudo aquilo que você não percebeu
E tudo que não quis olhar
É como o tempo que você deixou passar
Só é seu
Aquilo que você dar.

Clique aqui para acessar o site oficial de Manuca Almeida






JANELA POÉTICA (IV)



Foto: Leila Lopes




INTENSIDADE


Leila Lopes


Não entendo a razão do espaço pouco.
Nada em minhas costas.
É tarde no meu reino de orquídeas raras.
Deste lugar, ainda não ouço o silêncio
e uma simples palavra guarda uma dor tão obscura.

Noite dentro:
a cidade turva ou pouca luz nos olhos
porque repetidas vezes
a densidade da vida incomoda.
E, na mesma rua, atravessa um alívio pueril.


(Leila Lopes é colaboradora ativa do Diversos Afins)






RUÍDOS DE UMA ALMA DISTANTE

Fabrício Brandão


Às vezes, tudo parecia se resumir naquela atitude cálida, ato de se deixar deitar por sobre um teto imenso de barro. Se do barro veio o seu companheiro, ela nem ao menos vislumbrava de quais costelas invisíveis poderia ter se dado ao mundo. Universo estranho aquele de varar as noites mirando um céu que mais se aproximava de um chão caiado de sertão. Mas não havia mais nada, apenas ruídos, barulhos só por ela compreendidos como prontidão de uma sina que sempre acabava dando ali, defronte ao mar perdido, onde tudo terminava em noite. Poderia soar inacreditável, mas nos claros dos dias ela até esboçava alegres gestos em torno das procissões de um mundo doméstico, lugar um tanto seu, pois sua quase liberdade esbarrava em imperativos masculinos ultrapassados. Vez ou outra, despontavam algumas companheiras de ofício compartilhado, fazendo-lhe crer que talvez não fosse a única no mundo a alimentar preces de combate a uma inquietante solidão.

Depois da ciranda de expor seu rosto nas vitrines do dia, caminhava atenta em torno dos corredores que a conduziam às chaves do seu compartimento. Criou-se numa família de muitos irmãos, todos ocupados numa espécie de código protetivo, algo de que se orgulhara quando sabia dar a si mesma razões para se queixar de seu companheiro. Pouco mais de três décadas de casamento e a certeza inicial de um fracasso fizera par constante. Mesmo com ares de parcial resignação e combatendo os levantes do marido, sua voz ficava aguada, sem força e vida próprias, presa que estava a um lugar feito de sonhos impossíveis. Solução melhor para tudo era se apegar à repetição constante dos ecos que brotavam dos desejos mais profundos. Certamente estes a revelariam uma nova janela para qual se debruçar, com tons e cheiros de toda a sorte.

Quando então chega o monstro habitual da ausência de luz, ela já está deitada, de olhos arregalados e mira novamente o teto infinito. Queria poder conversar mais um pouco, falar do dia acabado, sentir-se leve para se alimentar de carinhos novos de um leito de amor. Mas nada disso existe. Não há o mundo de Alice nem tampouco estradas floridas pela frente. Nada respira ao seu lado, apenas um barulhinho confuso, distorcido, cheio das interferências de um velho rádio de pilhas que a leva para junto das vozes de gente jamais vista. Caía uma chuva fina e silenciosamente ela dava o perdão ao outro lado da cama.






Foto: Adelmo Santos







CACILDA BECKER ENCONTRA GODOT

João Pedro Roriz


Em 1968, a Companhia Teatral Cacilda Becker, sob direção de Flávio Rangel, montou o espetáculo teatral “Esperando Godot”, de Samuel Beckett. A peça, uma das pioneiras do chamado “Teatro Absurdo”, conta a história de Estragon e Vladimir, dois personagens que, em uma praça, esperam o misterioso Godot. A peça possui dois atos e está equilibrada, segundo os críticos, na ponta da faca entre a loucura e a idiotice, mantendo-se, portanto, coerente em relação às agruras estilizadas de uma sociedade presa a seus dogmas e credos.

Naquela ocasião, porém, a peça reservava à nossa saudosa atriz Cacilda Becker um final surpreendente, quando a mesma faleceu após o súbito aneurisma cerebral, decorrente de seu estado de concentração elevado para a interpretação de seu personagem, Estragon. Cacilda rompeu a barreira do inefável e do incomensurável com a sua atuação, e como muitos gênios do seu tempo, faleceu por não suportar o mundo como ele é, absurdo e altamente dramático. Paradoxalmente, muitos atores românticos suspiram com a possibilidade de morrer no palco, nesse dever incorrigível de ser a arte personificada.



Cacilda interpretando Estragon



Muitos intelectuais se perguntam até hoje “quem ou o que, é GODOT”? É o nome de alguém? Uma versão mística de deus (God, em Inglês)? Ou o diabo (Goddilot, em francês)? Ninguém sabe ao certo. O que sabemos é que Samuel Beckett reservara o terceiro ato de sua peça para Cacilda Becker viver (paradoxalmente) com o mesmo sangue arterial que Lorca, o Andaluz, previu em suas “Bodas” de rebeldia: o vinho escorreu pelo nariz, a boca arreganhou e o corpo caiu. Um absurdo genial e trágico, que refutara todos os argumentos dos críticos. O final não pôde ser tachado de louco e nem boçal. Foi realismo puro, incoerente, sombrio e lúcido, como a vida. Desde os atentados de 11/09, eu afirmo vigorosamente que não há ficção pior do que a realidade dos fatos que nós vivemos diariamente. Estragon finalmente derramara o sangue que Vladimir não enxugou. A noite chegara para os dois finalmente se separarem – Cacilda Becker morta e Walmor Chagas desolado – algo muito parecido com a trama vivida por seus personagens no palco.

Nesse pós-fácil fascinante, o terceiro ato se firmara: sem a simbiose das palavras, sobrou Cacilda eternizada na fotografia, momentos antes de desvanecer e desvendar o maior mistério de seu algoz irlandês: Afinal de contas, Cacilda, quem é Godot?

(João Pedro Roriz é colaborador ativo do Diversos Afins)





Foto: Adelmo Santos








JANELA POÉTICA (V)


CANTO PRA MOÇA TRISTE QUE NUNCA CASOU


Alyne Costa


Quando entristeço minh’alma cora
Escrevo ora como muda, noutras santa
De certa forma algo me acalanta
Não sei os pássaros que visitam meu muro
Faltam plantinhas
Falta ainda aprender bordar toalhas de sonhos
Falta tanto da mulher que vive em mim
Quando alegreço, surto
Canto cantigas
Disparo a namorar
Faço viagens a reinos não fundados
Peregrino em mim
Em tanta dúvida e correnteza
E as palavras navegam em minha mente
Ela, a palavra me desmente
E rompo rótulos
Mas respeito traduções e rituais
Bruxa ou santa?
Doce ou seca?
Moça ou velha?
O espelho assusta: Vou ficar uma coisa horrível.
E resolvo passear por Jerusalém
Meu Deus do céu para que tanta cruz?
Bonitos são os sagrados corações –
De Maria e de Jesus.
Coisa boa pra moça velha é passear de cruzeiro.
Coisa boa pra moça velha é preparar enxoval.
Aí começo a cuidar do meu: Paninhos de ponto de cruz
Toalhas de richiliê...Muito crochê, lençol branco com as iniciais bordadas.
E começo a trezena de Santo Antônio.
Peço um moço pálido, sem cicatriz.
Um moço sabido e que saiba tocar piano.
Um moço de anel.
E penso nas flores, nas crianças indo ao jardim de infância...
Nas visitas em casa, nas xícaras de café.
Ai me imagino, meu Deus...
Meu delírio é a vapor.
Isso é canto pra moça que nunca casou.
Marido bom a gente inventa.


(Alyne Costa, poeta que se faz pelos abismos que lhe são apresentados, ora repleta: de dúvidas, ora inundada: de ânsias. Interiorana de Caetité, amante da Literatura e suas veias. Residente em Brumado-Ba, mais um exílio, um reencontro com o sertão e a pura alma sertaneja. Sua poesia é uma rota sem bússola, sua maior busca, seu desafio e seu acalanto.)






Foto: Adelmo Santos








OUVIDOS ABERTOS (II)


Por Fabrício Brandão



CELSO FONSECA – NATURAL






O primeiro contato que tive com o trabalho desse talentoso músico foi celebrando os ouvidos no Unplugged de Gilberto Gil, acústico gravado pela MTV. O ano, 1994, mas Celso Fonseca compunha o excelente time de músicos do ministro e, para mim, respirava ares discretos. Os anos se passaram e eu voltei a topar com o artista num especial sobre a Bossa Nova, exibido por uma dessas emissoras de sinal fechado. Daí, pude perceber que Celso Fonseca não era apenas um bom músico, exímio violonista, mas alguém com um perfil sensível e que, para minha surpresa, também cantava. Agora minha escuta reencontra Natural, trabalho bem elaborado desse artista que também traz em seu currículo parcerias com outros grandes nomes de nossa MPB. O disco traz um sotaque marcado por ritmos como Bossa Nova e samba. Que o diga as instrumentais Buteco e Consolação, faixas que primam pela cadência de batuques regados a um bom violão. Suavidade é o que fica registrado na bela Ela é carioca, do mestre Tom Jobim. Um intenso trompete anuncia aquela que considero a melhor canção desse disco, Febre, de onde é possível sentir um Celso compositor aliado a uma precisa interpretação. Eis um álbum que se envereda pela modernidade musical brasileira sem excessos, conjugando de forma bem dosada elementos eletrônicos e aquilo que parece ser a cara do algo bem feito, a sutileza. O próprio nome do disco economiza outras palavras.






MENINAS DO SERTÃO

Ronaldo Braga



As mãos cansavam ladainhas em recorrentes febres e a morte de todos os desejos calava o mundo anil das meninas enjauladas, e anseios e suspiros insistentes negavam tristezas nas peles eriçadas de sonhos, em um mundo de devaneios, desdenhando futuros em luas roucas, com seus medos a transitarem soltos nos dias negros do querer.

Elas postulavam silêncios em olhares atrevidos e palavras surdas reentravam desejos em corpos esquecidos.

Ao longe, romeiros praguejavam amores em suores covardes, e suas tristes músicas, eram ameaças à vida que teimava brotar em secos olhos. E ódios reativados, e impotências, desfilavam nos humores dos perdedores funestos e malditos, com suas sinfonias de mortos.

Pássaros caminhavam melancolias em passos úmidos e cheiros de amor e canções embriagavam encontros de outrora. Os seios cansavam odores e os olhares teciam esperanças nas raízes loucas e hemiplégicas e os corpos esquivos de imanentes eretísmos suavam negações nos cantos inelutáveis e constitutivos de todo sofrer. E sofrer era a salvação e a vida daquelas miragens eróticas de cantar salmos e preces, com seus loquazes medos a transpirarem sexo por toda terra fatigada de sangue e ferro e dor e fome.

Os dedos suspiravam descansos e entregas nos montes noites de estrelas cruéis e violetas, e as mães suspiravam desprezos e em recônditos pensamentos amores invadiam anomalias e ventres e as faziam sorrir terra e cores e rios e passados de violentas paisagens.

As meninas em clivagens serenas cantavam medos desérticos e amores sonhados em úmidas palavras vãs, e escondiam gozos em seus rostos de prazeres invertidos e insulares, nos tempos soltos e movediços, a escurecer risos e tremerem sonos, nas noites sem esperas, de ausentes beijos a chorar lamas em camas frias, e sonharem céus e deuses numa desesperada peleja de peles e bocas, cantando esperanças e roubando salvações de um sono concupiscente. Seus sonhos perdiam alegrias e as faziam expulsar homens e bichos e mortes, e para sempre silêncios. A reza, lugar comum: onde todos os sentidos eram adormecidos, e a vida perdia sorrisos e dores pululavam existências em canções de morrer.

Não havia sorrisos soltos nas infâncias esculpidas em medos, só o esperar de noites e dias calavam choros futuros e vomitavam alegrias em loucos transes.

Pesadelos difratados rompiam madrugadas e flores tristes buscavam jardins em cactos polimorfos e gentis.

As meninas dormiam cruzes.

E os meninos masturbavam salmos em correrias anêmicas.

Um silêncio quente resfriava sentidos no sertão brasileiro.


(Hoje escrevo para acalmar as minhas inquietudes e encontrar um lugar nas invisibilidades para as minhas incertezas. Acredito que a arte tenha o papel não de transformar, mas antes o de consolidar encontros e, exatamente como o Deus Grego Dionisius, trazer a desmedida para o confronto e para que o homem possa desfrutar do prazer e viver no dia-a-dia as delícias do mundo dos sonhos e, ao mesmo tempo, se acreditar infindo, pois nada é mais eterno que os momentos de prazer. Faço teatro, leciono e vou acordando noites nos jardins bêbados e beijando os ratos nos esgotos da vida)






Foto: Adelmo Santos







SEM O REBELDE HÁ MAIS DE 50 ANOS


Por Cristiano Contreiras






"Viveu rápido demais e morreu cedo demais"



Há pouco mais de 50 anos, o mundo despertava para a trágica morte do rebelde sem causa: James Dean. Com apenas 24 anos de idade, morria no dia 30 de Setembro de 1955, num trágico acidente de automóvel. Enquanto guiava seu porsche, numa estrada da Califórnia, Dean perdeu o controle - partindo imediatamente a coluna vertebral e sofrendo de hemorragias internas, veio a falecer a caminho do hospital.

No cinema ele criou crédito e fama ao interpretar personagens adolescentes e marginalizados. Típico desajustado, rebelde e intimista quanto seus personagens: instantaneamente foi concebido a uma figura de proa em Hollywood. James Dean deixou um legado de três importantes filmes. Fora das telas ficou conhecido por abalos emocionais na família, namoros com homens e mulheres desarmônicos e seu fascínio por corridas de carros – gostava de velocidade em excesso, não tinha medo do risco. Quando morreu, ainda não era um fenômeno, apenas seu primeiro filme “Vidas Amargas” estava em cartaz. Com a morte fatídica, rapidamente se tornou uma celebridade instantânea, desmedindo uma comoção generalizada entre os fãs e, inclusive, duas nomeações póstumas ao Oscar.

Logo após a morte, vieram dois grandes sucessos: “Juventude Transviada”, um ícone até hoje por abordar os hábitos e costumes da rebeldia dos anos 50, ao tratar de temas delicados como o desajuste familiar e a carência afetiva por parte dos jovens. E “Assim Caminha a Humanidade”, terceiro e último filme, com duas estrelas do cinema da época: Elizabeth Taylor e Rock Hudson. Este filme chegou ao cinema um ano após a sua morte, seguido da euforia do seu segundo filme – “Juventude Transviada”, sucesso incontestável de público, - e, durante anos, foi sucesso de bilheteria da Warner.

Mesmo após 50 anos de sua morte, James Dean guarda um lugar no coração de Hollywood e, definitivamente, é um ícone de rebeldia até hoje. Há diversos livros sobre sua vida, documentários e canções que levam seu nome – bandas como The Eagles e Chris Busone fizeram homenagens ao símbolo da juventude dos anos 50. Para prestigiar o aniversário de 50 anos de sua morte, a Warner lançou um Box Dvd com seus principais filmes, todos devidamente recheado de extras que vão de documentários sobre a vida íntima a galeria de imagens do galã, entrevistas com familiares e amigos. Dean criou uma imagem forte de adolescente marginalizado, carente e contestador – e isso reflete claramente até nos dias de hoje. Seus filmes não envelhecem jamais, sua atuação cicatrizante ecoa de maneira que é difícil não enxergá-lo como um ícone imortal no cinema. Sua morte serviu para colocá-lo em um patamar de genialidade, personalidade e, claro, símbolo da juventude indomável.


Filmografia Principal:

1955 –
Vidas Amargas, de Elia Kazan - como Cal Trask
1955 – Juventude Transviada, de
Nicholas Ray - como Jim Stark
1956 – Assim Caminha a Humanidade, de
George Stevens - como Jett Rink

(Cristiano Contreiras é colaborador ativo do Diversos Afins)






Foto: Adelmo Santos








JANELA POÉTICA (VI)


BAYMA BLUES
(fragmento)


Alexandre Câmara


I

Sob luz baixa
formalidade mephistofélica

transpor em brios
degraus dissimulados

patente movimento sexual
crava-me caçando âmago

eu, pressuposta bebida catártica
ebriaria o translúcido de ti?

II

Apinha-se alvura
minuto a minuto
artículas de lógica e lógica
compõem momento subsequente

todo eu
há 7 dias
consumando o canto da lira
harmonia que embaraça sua fuga

como marinheiro
tenho amor nenhum
todos e os que espaçam-se

infinitamente ninguém está

a saciedade requer tanto mais
inerente ao temor estanque


(Alexandre Câmara é jornalista e assessor de comunicação da Secretaria Executiva de Saúde de Alagoas. Escreve poemas e contos e tem como influência os poetas beats e simbolistas franceses)






Foto: Adelmo Santos






(4 MINUTOS)


Rodrigo Melo



A música no ouvido, o computador, zumbi era lampião e vice-versa, o cara cantando, um monte de coisas na minha frente, coisas ruins, do trabalho, e outras coisas também, que dão trabalho, e eu nem quero saber, abro a página, ajeito os óculos, o grau que acerta o mundo, e começo a esticar os dedos e eles descem num ritmo bom, por um momento parece fácil, basta ir escrevendo o que se pensa, qualquer coisa, o que vai saindo e o que invento por falta de assunto melhor, o que não posso é parar, ficar raciocinando demais, pois não foi assim que kerouac conseguiu, não foi assim que Henry fez, a noite lá fora, faz frio, não foi assim, cheios de anotações e ofícios, que eles chegaram lá, a batidinha gostosa no ouvido, dou um gole na água com gelo, acendo um cigarro, penso um pouco, retorno logo, mais alguns minutos por aqui, o computador e o cigarro que é só por hábito, mania, mas eu vou parar, já parei uma vez, só que voltei, mas vou parar de novo, assim, de vez, agora o frio lá fora, mas amanhã tem sol, faço previsões, gosto, amanhã vou sair e andar pelo calçadão, ver o mar, quem sabe jogar ping-pong com os amigos lá na academia, passear depois, eu andando e recebendo a luz, clareando o caminho, pensando numa menina e numa música que vou escrever, na letra, na forma de levar meio desafinada, falando do cheiro que ela tem, do jeito de movimentar as mãos quando está cantando, e parece simples, acho mesmo que é, o segredo é descer o braço, fazer o negócio ir em frente,



Ele:
Escolhi esse lugar assim,
quase sem mirar o dedo,
feito naquela foto sua.
.Ela:
Quase sem dedo,
gostei.
Ele:
Foi?
.Ela:
Foi, mas, pra falar a verdade, não entendo muito de dedos.
Nem lembro de que foto ta falando, o que é que tinha nela.
Ele:
Eu entendo um bocado desse negócio de dedos,
mas fico só analisando as respostas dos outros pra ver se entendem também.
.Ela:
An-ham.
Sei.
Escolhe duas cores agora!
Ele:
Azul e
Roxo?
Combinação do caralho, hein.
.Ela:
Realmente.
Ele:
Calma, então, que vou pensar numa melhor.
.Ela:
É porque fica quase a igual,
o azul e o roxo.
Ele:
Só podem cores tradicionais
ou variações também?
.Ela:
Fique à vontade.
Ele:
Bege e vermelho.
Saiu sem pensar.
. Ela:
Que massa,
vermelho de novo,
ai,ai.
ele:
Vermelho.
Que tem de novo?
Sensação boa esse sol nas costas,
vou pegar uma pepsi.
.Ela:
É, vezenquando me vem a lembrança dos bons tempos, da casa lá na avenida, de ver sempre o mar.
Ele:
Hum.
.Ela:
Puxa.
Eram tempos de uma boa luz.

...e então um cachorro latiu, de verdade, e não foi o daqui, o daqui come lagartixas e baratas, qualquer coisa parecida, uma hora dessas está acabando com a vida de alguém, o matador, em seguida o meu celular vibrou, tocou, nunca sei bem, e eu já lembrando daquelas mãos antes mesmo dele vibrar ou tocar, lembrando delas dançando no ar, faz frio na noite lá fora, zumbi era lampião, o cara canta, a tela do computador menos branca nesse instante, lampião era zumbi, dou um gole na água, mastigo outro pedaço de gelo, engulo, o segredo é não parar, me disseram uma vez, e eu não vou parar, a gente sempre quer o que consegue, ah, a gente sempre esquece o que não quer, me disseram também, e vice-versa, e o que quero agora é sair por aí, amanhã, sem hora pra voltar, andando e olhando o mar por detrás das lentes, seguindo o meu caminho e pensando numa música que quero fazer, uma música bonita, cheia de coisas e de coisas, num dia que bem pode ser de sol.


(Rodrigo Melo é ilheense, contista, e escreve semanalmente para o site Bagatelas, do Rio. Lançará em breve o livro "Sonhos não passam disso")





Foto: Adelmo Santos




*O fotógrafo Adelmo Santos, desde cedo, estabeleceu com a arte ligações que o sensibilizaram. A música, o desenho e as tintas imprimiram marcas, hoje exteriorizadas, principalmente, na composição de imagens.

41 comentários:

  1. A Cultura ferve aqui, provoca e contextualiza. Tudo de muito bom gosto, do puro refinado gosto. Do gosto delicioso que contextualiza o sabor da leitura.

    "Lâmina D'água" me tocou, com a sutileza e o sangue à prova.

    "Obsessão" é um prato do cotidiano, há semelhanças comigo, às vezes.

    Já conhecia Badi Assad - e também recomendo.

    Bruno Candéas traz um novo olhar pro Leva, com sua escrita moderna. Sua sensibilidade inovadora.

    (Adelmo Santos é um artístia com visão experimental do sentido do dia-dia. Belas fotos!)

    Preciso ver "Café da Manhã em Plutão". Boa dica.

    Leila, sempre a me cativar, a imagem dela faz parte de minha terra soteropolitana.

    Esta Leva está muito, mais muito diversificada e deliciosa. Parabéns!

    Abração

    ResponderExcluir
  2. Acabo de passar os olhos por aqui, na ânsia de saborear este caldo!... Mas o desejo terá que esperar até mais tarde: já tá na hora de dar aula, e sei que, logo que possível, voltarei a passear por aqui para degustar tudo com a calma e cuidado que este espaço cultural merece!!! Beijinhos alados azuis, e até breve!

    ResponderExcluir
  3. Puxa, que bacana encontrar Adelmo por aqui tb...Esses Baratos estão cada vez mais Afins. Beijos, Vanessa

    ResponderExcluir
  4. Os tantos caminhos assim abertos, nesta riqueza de sentidos, imprimem no universo um recado extremo de belezas poéticas.

    Compartilhemos, então, e transmutemos em nós toda riqueza e profundidade que a arte pode nos proporcionar.

    Estar aqui e fazer parte é sempre um momento raro e prazeroso.

    ResponderExcluir
  5. Muito bom, tudo muito bom. Ducaralho! Cara, alto nível aqui.

    Adorei os poemas OBSESSÃO de Hebet Sales e Lâmina D'Água de Fabrício Brandão. Cristiano Contreiras mandou muito bem.

    Leila e Fabrício o trem aqui tá bão demais!

    Beijabração ao som de Crazy Mary do Pearl Jam.
    Eddie Vedder é um dos poetas do Rock que gosto.
    Muita saúde e luz.

    ResponderExcluir
  6. oitava leva, com a certeza da milésima leva, por uma única razão, este espaço vem marcando presença e crescendo a cada leva, eu fico feliz por ter sido publicado aqui nessa casa, nesse abriga da literatura, e sei que baratosafins vem contribuimdo com o habitus de quem chega a este destino. Barabens fabricios e a os outros tambem, o braga e poesia estará sempre a disposição de vcs.

    ResponderExcluir
  7. Gente, como vocês trabalham - e que trabalho gostoso! Belas fotos do Adelmo, Leiluka, belos poemas, boas indicações musicais, textos muito bons de ler... Parabéns, o Baratos está cada vez mais um barato :) Beijo pros dois.

    ResponderExcluir
  8. aos leveiros criativos que idealizam essa reunião de gente mui bacana, eu já disse quase tudo. essa oitava leva me permite escrever em alto e bom tom: muito prazer!
    muito prazer em conhecer Tekka Whitman (Lutar com Palavras); muito prazer para a Lâmina D'água do Fabrício, à Obsessão do Heber Sales; ,uito prazer em conhecer muito mais do Manuca Almeida, em mais uma sabatina de Neuzita Kerner (talentosa); muito prazer à arte na fotografia do Adelmo; muito prazer à avalanche de sensações e mix de festa que me trouxe o texto do João Pedro Roriz (CACILDA BECKER ENCONTRA GODOT; muito prazer em fazer parte dessa leva, onde enocntro muita gente querida e ainda posso passar horas desafiando a alma, ouvindo Celso Fonseca, Badi Assad e mais, muito mais...

    valeu!

    ResponderExcluir
  9. Realmente, Diversidade é a palavra, é a chave pra todo sucesso do Baratos!!!
    Fabi seu poema é LINDO, sou até suspeita em falar pois adoro o que vc escreve.
    As fotos do Adelmo são bem expressivas, belas.
    Val, vc é irreverência pura.
    Alexandre, é um arraso.
    Leila é sensibilidade à flor da pele.
    Heber adorei seu estilo.
    Neuzamar sempre sem palavras... você é fenomenal!!!!!!
    Todos os colaboradores estão de parabéns, pois o sucesso do Baratos depende de vocês, de nós.

    Beijos bons

    ResponderExcluir
  10. Uma delícia o sabor forte deste caldo criado no caldeirão cultural de Baratos Afins! Espaço tanto para doçura quanto para acidez, mel e sal, sol e chuva, lâminas e estrelas, nas peles e palavras que compõem o colorido mosaico da diversidade... Hoje pude saborear os poemas criativos e críticos de Fabrício, Héber, Bruno, Alyne (a rota sem bússola!) e Alexandre... as imagens poéticas de Adelmo Santos e Leila Lopes...(e seu jardim de orquídeas raras!)... Percorri caminhos labirintuosos nas procuras escritas de Valéria Val, me diverti com o texto muito bem montado de Tekka, prenhe de alusões e sentidos em sua construção de nomes e palavras, curti a entrevista com o amante de palavras Manuca, degustei o humor refinado e a ironia insólita e doce da Neuzamaria K, me comovi com os delírios eternizados na tessitura poética inquieta e delicada de Ronaldo Braga, compartilhei com C. Contreiras a rememoração da rebeldia de J. Dean, tonteei com a pulsão da escrita esquizofrênica de Rodrigo Mello!... Deste passeio matinal, saio alimentada para o dia de sol, pronta a procurar e semear o sal, o pó, o mel da poesia por aí!...

    Abraços matizados de paixão a todos os que participam desta leva do Baratos, e aos amantes da indomesticável e infinda Poesia!...

    ResponderExcluir
  11. Estar entre vcs e dentre todos que ainda não surgiram não é uma hipótese é uma certez de quecaminho leva este jardim do Baratos. Um grande Barafo afim, Henfil, enfim. Somos raros. Eu, explodindo de emoção. As palavras poderiam surgirem secas, mas prefiro que elas corem num varal, nesse varal que é essa imensidão de almas aqui expostas: Fabrício, Leila, Cristiano, Ronaldo, eu, Adelmo, João Pedro. E não sei qual a janela abro primeiro quando amanhece nesse casarão.
    A palavra certa é emoção!

    ResponderExcluir
  12. além de ser uma parabólica-revista-de-arte-e-cultura de extremo bom gosto,
    a Baratos carrega a energia boa desses leveiros de alma leve.

    é uma delícia estar aqui.

    passarei o mês me banqueteando.

    aquele abraço!

    ResponderExcluir
  13. respirando leve, agora.
    Leiluka, imprescindível a pausa. pra quem te acompanha desde as primeiras aventuras, quase conheço quantos passos foram gastos, impressos nessa agonia entre o que vê e o que vê.
    está divino caminhar assim: nunca mais ninguém sozinho. *beijos*

    no mais, um elenco digno de tempo e leitura. eu sempre me dedico, teimosa que sou.

    Obrigada.

    ResponderExcluir
  14. Reparou que alguns nomes não estão com os links do blogger? O meu ficou sem...vai entender.

    ResponderExcluir
  15. Possibilidades são abertas. E toda criatividade nos é lançada assim, na face, mostrando que há muito mais arte e poesia dentro das pessoas. A cada publicação uma renovação, uma identidade. E a construção, e a abrangência de caracteres, de caretas, de olhos diferentes. São os olhos nos olhos, é o que de mais interessante, é possível trazer para quem gosta. E é verdadeiro, transcende.

    A começar pelas fotos de Adelmo Santos, uma loucura, identificação imediata. O uso das cores, a expressão que brota de cada fotografia, são para mim uma motivação.

    Novamente pelas poesias do Fabrício, pela crônica espertíssima da Neuzamaria “CERIMÔNIA ÀS AVESSAS”. E a participação de Héber Sales em “OBSESSÃO”.

    Ponto de destaque para a BADI ASSAD – WONDERLAND. Recomendo, é incrível como ela trabalha a música e como ultrapassa isso aqui : Lembro-me ainda hoje da primeira vez que ouvi “... minha jangada vai sair pro mar, vou trabalhar meu bem querer...” na voz dela, depois disso nunca mais larguei.

    Valéria Freitas, densa, arranca qualquer coisa de nós que a lemos assim meio perplexos. É esse tipo de escrita que tenho como espelho, como admiração pessoal.

    Boas recomendações em Café da Manhã em Plutão.

    E apreciação certa e admiração ao baiano Manuca Almeida, e ótima exposição em CACILDA BECKER ENCONTRA GODOT.

    De todas mais “Meninas do Sertão” de Ronaldo Braga fecha o círculo belo de grandes e boas exposições. Que termina definitivamente com (4 minutos) de Rodrigo Melo.

    Simples, a minha admiração cresce sempre por este espaço. Renovo-me quando visito, e quando percebo que ainda há muita coisa para se ver. Parabéns aos queridos editores, e aos que colaboraram com mais essa bela leva.

    Abraços ternos,

    Carinhosamente

    Fernanda Cota

    ResponderExcluir
  16. ...Felizmente, havia visto as imagens antes de terem "sumido"!... Mas é sempre um prazer voltar para apreciar novamente os textos e fotos afinados, em sua diversidade, deste site tão saboroso e fértil! Abraços.

    ResponderExcluir
  17. Olha...incríveis as fotos do Adelmo Santos. Parabéns!!!

    ResponderExcluir
  18. eSTOU ACOMPANHANDO CADA DIA UM TRECHO
    ME ENCHO ME LARGO
    ME REALIZO
    A CULTURA TRANSBORDA PRAZERES IMENSOS
    A CADA PASSO ERGO-ME ME LETRO ME PURIFICO
    NAS IMAGENS DE aDELMO, lIEA
    ME IDENTIFICO
    ME DÁ PURO PRAZER A CADA DESCANSO DE TRABALHO

    vALEU FABRÍCIO

    BEIJOS

    ResponderExcluir
  19. ola passar por aqui de novo e fica dificil dizer alguma coisa pois são muitas as coisas a serem ditas. mas eu prefiro agora só falar de Neuzamaria k, pois o texto dessa menina, cru,profundo penetra fundo a hipocrisia e desnuda a latência de um mito: o casamento.Isso poderia a principio ser comum, banal, velho, mas é justamente esse desdobrar, essa dobradura de
    d um viés totalmente extranho, canalizando um fim onde seria um começo, dando uma saida cinematografica e surpreendendo o leitor que já estava preparado para achar o texto comum e então a arte brota cortando toda mesmice e
    em fluxos a vida rompe e eis a liberdade e a tomada de decisão.
    escrever é surpreender e vc Neuzamaria me surpreendeu.

    ResponderExcluir
  20. Tá um primor este Baratos Afins. É a literatura se renovando. As fotos são como se nascessem por si mesmas.
    Vou voltar com tempo pra leitura e contemplação.

    ResponderExcluir
  21. Sou Regina Coeli
    Produtores do blog Baratos Afins.
    Esta é a minha primeira vez visitando vocês. Uma amiga já havia me indicado a leitura deste blog, mas eu resistia
    porque pensava que era mais um bloguezinho que gravita na internet.
    Curso Filosofia em Brasília, mas sou arquiteta de profissão. Trabalho com a transformação dos ambientes, com o embelezamento dos espaços, transformando-os em lugares práticos, econômicos e confortáveis, mas não sou arquiteta da palavra como vocês e pessoas que publicam seus textos neste espaço aconchegante: um verdadeiro jardim de inverno dentro do mundo virtual.

    Surpresa ao ver esta leva - nome interessante - li sem parar. Parti para as outras e a cada leitura o encantamento crescia.Li também diversos comentários que os leitores vêm fazendo. Li tudo.

    Como falei que o blog é um jardim e não sei usar palavras poéticas, faço um empréstimo das palavras do poeta Oswaldo que li na publicação anterior:
    Fosse uma rosa menina
    Fosse uma rosa de pérola
    Fosse uma rosa vermelha
    fosse uma rosa de lua
    Fosse uma rosa de ouro
    fosse uma rosa efêmera
    Fosse uma rosa rosa...

    É este site um buquê cultural. Parabéns a todos e aos editores!
    Regina Coeli do Nascimento

    ResponderExcluir
  22. Editores,
    Adentrei neste site e tudo está agradável e com informações pertinentes. Mas quero dizer que o conto Cerimônia às avessas da escritora Neuzamaria é supreendente!
    Parabéns pela capacidade de apresentar um site tão bem feito.
    Abraço
    José Roberto Jacques
    re.lux@terra.com.br

    ResponderExcluir
  23. Neuzamaria e Fabrício
    Já visitei o baratos-afins e achei o máximo, aquele espaço onde se irradia tanta sensibilidade, e escritos tão lindos. Parabéns!
    Marci Maia
    marci.maia@gmail.com

    ResponderExcluir
  24. To adorando o blogger, jah adotei como minha leitura diária.
    Beijos Neuzamaria.

    ResponderExcluir
  25. Adorei o testo da Mulher q se descobre no fim do casamento.
    Ótimo texto.
    Parabéns.....
    Beijos

    ResponderExcluir
  26. Neuzamaria
    Parabéns pelo texto em Baratos Afins, curti muito teu humor peculiar, a ironia leve e afiada no desfecho insólito!...Abraços.

    ResponderExcluir
  27. Caldo grosso sustenta as veias da gente, aquece os brios, mente vivaz.
    Posso fazer parte desse amálgama?
    Eu que me aventuro em escrever num mundo de gigantes.
    Gigantes lindos, cheios de diamantes e eu?
    Eu tô tímido, nu, de olhos baixos, vacilante e talvez reticente.
    Eu, humildemente me ofereço em flores pra plantar em terra frondosa.

    É um espaço lindo este, encantador, vivo. Continuo ousando a poetizar o mundo. Se vocês que administram o blog puderem e tiverem uma oportunidade, visitem o meu blog.

    Grande abraço, boa noite.

    ResponderExcluir
  28. arte!
    arte pulsa incessantemente.
    arte tem veias.
    arte tem sangue.
    arte é gente, quase nada, quase tudo.

    Obrigado pelo comentário e pela visita!
    Já que vocês se organizam ao redor da arte, como forma de também pulsar, simpatizo com essa sinergia pulsante.
    Se fosse possível, gostaria de mandar por e-mail "Plurilógico", uma compilação de poemas recentes na qual estou debruçado, explorando ângulos.

    Grande abraço!

    ResponderExcluir
  29. ...Caríssimos, voltei para me deleitar mais um pouco com o caldo do caldeirão!... Textos saborosos, imagens encantadoras... Hoje, um PARABÉNS especial para Adelmo e Leila, por suas fotos magníficas!!! Mágicas das lentes de seus olhos e almas sensíveis, capazes de capturar o além do visível...
    E, ainda: ler os comentários é um prazer à parte: como que mais algumas cerejas de sobremesa, após a farta refeição!!!
    Beijos alados, lunares e solares, para todos desta tribo poética.

    ResponderExcluir
  30. O Barato não estava mais barato. É melhor a Afinidade com a Diversidade. De qualquer maneira é uma Leva mais gostosa que a outra. Parabens e um grande abraço.

    ResponderExcluir
  31. apoio total, leveiros queridos.
    o novo nome é um plus ao que todo mundo já confere na leitura: comunhão!

    beijos meus, a cada um.

    ResponderExcluir
  32. Diversos Afins - Diversidade visceral ,
    diversificando sensações & percepções - Há precisão cirúrgica em cortes, em navalhas poéticas - Grande rigor estético-poético brinda minha exigência de outras eras e nevrálgico encanta-me com igual horror & beleza - Peculiares da palavra-ação em extensão.

    Gostei inexoravelmente.

    Gilbert Antonio

    ResponderExcluir
  33. Brother,

    Tudo fino trato aqui. Muita arte, muita coisa boa. É bom demais entrar aqui e ler tanto em poemas quanto em prosas ou em contos.

    Adelmo Santos é um poeta da fotografia. Escreve com luz,muita luz.

    Muito bão o Diversos Afins!

    Grande abraço.

    E um uivo pra vocês:

    AAAAAAAAAAAAAAAAUUUUUUUUUUUU!!!

    ResponderExcluir
  34. nossa
    um blog assim é dificil de se comentar
    é muito assunto junto pra um post só
    mas no somatório geral, gostei muito do blog e dos assuntos tratados!

    ResponderExcluir
  35. lamina d´agua, eu vou tentar falar das obras uma por uma e vou começar do começo, esse texto poetico de fabrico é sem sombra de duvidas o poema abertura ele parece que apresenta em sua dignidade tudo o que possa vim e o poeta ali vai se desnundando, revelando momentos delicados e mais ainda mostrando uma força poetica que a principio pode aos olhos menos espertos enganar, pois parece um poema simples, mas ele é complexo, ele rima a vida com a vida e numa invisibilidade presente as ausencias do autor se torna presente em todas as letras, e a poesia vai em frente nos mostrando um mundo de dores e sofrimentos vividos com uma dignidade comovente e que nos torna socios.Fabricio sua poesia é uma lamina afiada.

    ResponderExcluir
  36. Parabéns, amiga.
    A sua revista está linda!
    Muito sucesso para os dois.
    Um grande abraço,
    Janete

    ResponderExcluir
  37. Neuzamaria,

    seus escritos estão maravilhosos, adorei "as portas dos livros não tem chaves" (lindo!!!). Cerimônia às avessas está "supimpa". A d o r e iiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii ! Quero mais!

    Gostei muito da entrevista com o Manuaca Almeida (ou Manuka?). ("Eu vendo palavras")

    (Acorde seus sonhos mais cedos, e se você não tiver um sonho eu vou lhe dar um sonho para você sonhas comigo)

    A letra de Pop Zen também é fantástica.

    Parabéns! . Adorei ter lido o diversos-afins. Está ótimo.


    Beijos e parabéns pra você e pro Fabrício

    Mauro

    ResponderExcluir
  38. Boa tarde professora, como você havia reclamado que eu li o blog e não "expressei nenhuma afinidade" estou aqui agora pra me retratar (risos), até tentei passar aqui nesse fim de semana e deixar um comentário, mas como o blog havia mudado de endereço não consegui faze-lo. Realmente os textos são muito bons, o da Cerimônia as avessas principalmente. Acabei descobrindo outro blog muito bom onde o Fabrício Brandão também escreve, (www.literaturaclandestina.com.br) Bom por enquanto é só, espero ansioso as proximas levas e enquanto isso vou lendo as anteriores. Abraços, Filipe.

    ResponderExcluir
  39. maisquecoisa difícil achar um lugar para postar um comentário elogioso ao blog! só lá na rebarba, no final, na rabeira! belíssimas fotos, poemas muito legais e uma concepção de blog coletivo que me pareceu bastante acolhedora. parabéns!
    sandro

    ResponderExcluir
  40. Di versos Af(in)s é um mergulho sem fim no infinito rio de palavras. Adorei o novo nome! Parabéns. Abraços e beijos prá dupla Neu/Fa.

    ResponderExcluir
  41. LÂMINA D’ÁGUA...Por Fabrício Brandão...

    Deixou-me...Fazendo da alma minha ...***o objeto pulsante***
    instantes onde ganha a nossa cultura, os nossos olhos, pensamentos e mentes...pessoas que pulsam em busca da arte...encontrando-se consigo e suas almas que pulsam mesmo e falam e dizem ao escrever e ao preparar algo tão sublime, para que eu,para que leitores possam se deliciar, não só com o conteudo, mas com a plástica toda super bem feita...arte pela arte...
    Como não suspirar de prazer e alegria, ao encontrar nesse veículo massificante que é a internet, obra prima como essa...Já recomendando e espalhando esse primor todo entre os amigos...


    beijus gigantes de parabéns afetuosos a todos os que se dedicam a essa obra de arte...

    Du Domeneghetti

    ResponderExcluir

A cada um é dado o seu próprio signo. Expresse o seu!